ANÁLISE RETROSPECTIVA - ALTERAÇÕES PULMONARES ASSOCIADAS AO RITUXIMAB
JOANA IP, VASCO MARQUES, ISABEL DUARTE

Objectivo: O rituximab é um anticorpo monoclonal anti-CD20 actualmente utilizado em conjunto com os esquemas de quimioterapia (QT) mas também, isoladamente, na terapêutica de várias neoplasias hematológicas. A literatura revela alguns casos pontuais/ isolados atribuíveis à iatrogenia deste fármaco e descreve vários aspectos, que se traduzem essencialmente por alterações intersticiais, pneumonia idiopática, infiltrados ou fibrose. O nosso objectivo foi avaliar os efeitos de rituximab no parênquima pulmonar. Materiais e Métodos: analisamos um total de 341 pacientes do nosso Hospital tratados com rituximab (de Janeiro de 2008 a Dezembro de 2009) dos quais 152 mulheres e 159 homens, com idades 17-85 anos e uma média de idade de 66 anos. Dois observadores independentes (ambos internos de Radiologia) seleccionaram 50 pacientes que apresentaram alterações pulmonares documentadas em exame de tomografia computadorizada e disponível em PACS (Sistema de Arquivo Imagem Computadorizada). Numa segunda análise, realizada em conjunto com um terceiro observador (Médico Radiologista) apuraram-se apenas 11 casos cujas alterações pulmonares foram atribuíveis ao rituximab. Os restantes 39 pacientes foram excluídos devido a infecções, lesões anteriores à introdução do rituximab, da doença primária ou outra causa.

Resultados: as alterações pulmonares iatrogénicas devido ao rituximab são raras - 3,2% (11/341). Não se registou uma correlação com a idade ou sexo. Em 81,8% dos casos – 9/11 as alterações surgiram imediatamente após a dose inicial. Em 54,5% dos casos – 6/11 tiveram resolução completa do quadro pulmonar após conclusão da terapêutica com rituximab. As características radiológicas foram: 45,5% (5/11) padrão em mosaico com constrição das pequenas vias aéreas, 36,3% (4/11) padrão nodular com nodulações centrilobulares, 18,2% (2/11/) pneumonia criptogénica organizada e de hipersensibilidade.

Conclusão: a iatrogenia ao rituximab com expressão pulmonar é relativamente rara e ocorre de forma idiossincrásica. Apesar de não definirmos um padrão específico da iatrogenia deste fármaco, a TC surge como método de imagem rigoroso e auxiliar importante da clínica na detecção e seguimento de eventuais complicações.

 

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